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Rio se transforma em Capital Mundial do Livro

SNEL teve participação importante na festa de comemoração do título

Da esquerda para direita: Karine Pansa, da IPA, Sevani Mattos, CBL, Tatiana Zaccaro, da GL Exhibitions, Eduardo Paes, prefeito do Rio, Dante Cid, do SNEL, e Fernanda Garcia, da CBL

O Rio de Janeiro é, oficialmente, a Capital Mundial do Livro. O título concedido pela Unesco começou a valer a partir do dia 23 de abril de 2025, Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral, e tem vigência de um ano. A cidade, a primeira em língua portuguesa a entrar para o seleto clube das cidades literárias, foi agraciada com a honraria depois de Estrasburgo, na França, e vai entregar o bastão para Rabat, capital do Marrocos, ano que vem.

Para marcar a entrada do Rio nesse grupo, a prefeitura da cidade organizou um espetáculo no Teatro Carlos Gomes, no Centro, na manhã da quarta, dia 23, feriado no Rio por ser o dia de São Jorge – lembrado na festa que fez referência também a Ogum, orixá das religiões de matriz africana que também é celebrado no dia –, além de também ser o Dia do Choro, por ser a data do nascimento de Pixinguinha.

O Sindicato Nacional dos Editores de Livros teve participação especial no espetáculo. Por ter colaborado na elaboração do projeto de candidatura vencedora, o presidente do SNEL, Dante Cid, foi a segunda figura pública a discursar, depois apenas do secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha.

“A abertura do Rio Capital Mundial do Livro marca um novo capítulo para o Brasil — um capítulo que celebra o livro como ponte, como semente e como encontro. No SNEL, reafirmamos nosso compromisso com uma indústria editorial plural, acessível e viva. Nosso trabalho começa quando um livro encontra um leitor, em qualquer lugar: na escola, na rua, na biblioteca ou no coração de uma nova ideia. Que esse ano seja de encontros férteis, de leituras transformadoras e de palavras que nos levem a uma sociedade mais justa, mais crítica e mais sensível”, discursou Dante Cid.

Em sua fala, Dante Cid também abordou projetos do SNEL, como a Academia Editorial Júnior e o Rio International Publishers Summit, que juntos com o Guia de Editoras também fazem parte do projeto do Rio Capital Mundial do Livro, além, é claro, da Bienal do Livro Rio, ponto alto do ano de celebrações. Como se sabe, o SNEL é o criador da Bienal, em 1983, e tem como sócio na empreitada a GL Exhibitions, que tem a responsabilidade de concretizar a festa. A diretora da GL Tatiana Zaccaro também foi outra das que participaram dos discursos.

A prefeita de Estrasburgo Jeanne Barseghian, o prefeito do Rio Eduardo Paes e o secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha

O presidente Dante também falou sobre as pesquisas que o SNEL incentiva, como a Retratos da Leitura, feita pelo Instituto Pró-livro, instituição mantida em conjunto por SNEL, CBL e Abrelivros, sobre os prêmios que o Sindicato distribui, como o José Olympio, além de novas iniciativas, como o certificado de incentivador do livro e da leitura, que está sendo ainda gestado.

A festa foi dividida como uma estrutura de um livro, com o secretário Lucas Padilha ficando responsável pelo prefácio, e o SNEL com o capítulo 2. O capítulo 1 ficou para a Caixa Literária, iniciativa criada pelo Rio de Janeiro, que trouxe de Portugal obras clássicas dos países lusófonos, como o Nobel português José Saramago, para serem mostradas ao público ao longo do ano.

O secretário Lucas Padilha prometeu, em sua fala, investir em bibliotecas e afirmou que os livros são o mínimo denominador da cultura que toda criança deve ter acesso.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que terminou a festa recebendo a honraria da prefeita de Estrasburgo, Jeanne Barseghian, lembrou como os livros podem e devem servir de antídoto ao horror: “Hoje se torna uma cidade melhor que ontem”, teorizou.

“É muito importante esse título, tem um valor simbólico imenso. O Rio é a primeira cidade de língua portuguesa a assumir esse papel. Tem toda uma história de o Rio ter sido capital da Colônia e do Império. A cidade tem o Real Gabinete Português, um tesouro do Rio, a Biblioteca Nacional, a Academia Brasileira de Letras, os grandes escritores brasileiros baseados aqui. É um ano para celebrar a leitura, para se criar mais o hábito da leitura. Vamos ter a Bienal do Livro, pela primeira vez o Prêmio Jabuti na cidade, ao longo do ano nas estações do BRT as pessoas vão poder pegar livros deixando outro fazendo a troca, além das políticas públicas da Secretaria de Educação para toda rede municipal de ensino. Então é um ano especial, o Rio já foi capital do G20 ano passado e será do Brics este ano”, afirmou.

Para anunciar a vinda do Jabuti para a cidade, a presidente da CBL, que organiza o prêmio, também participou da festa. Sua presidente discursou e avisou que a entrega do prêmio acontecerá em novembro, no Theatro Municipal. Merval Pereira, presidente da ABL, Isabel de Paula, coordenadora de cultura da UNESCO, e Oscar Gonçalves, da Fundação Biblioteca Nacional, também participaram com discursos.

A festa teve ainda a declamação de poemas pelo ator Thiago Lacerda, que lembrou de algumas personalidades do mundo do livro que morreram recentemente, como Antônio Cícero, Cacá Diegues e Heloísa Teixeira, terminando sua fala com o famoso verso de Carlos Drummond de Andrade sobre o Rio: “No mar estava escrita uma cidade”.

O também Gregório Duvivier também participou da festa sublinhando que a cidade tem uma vocação literária. Sua participação, um pouco inspirada no comediante norte-americano do cinema mundo Buster Keaton, também teve uma performance em que ele usa uma máquina de escrever como instrumento musical.

Os músicos Toni Garrido e Fernanda Abreu, entre outros, também participaram. A poetisa Elisa Lucinda recitou poemas de Antônio Vieira, de Adélia Prado, de Cecília Meireles e dela própria, ressaltando o quanto é libertador o livro.

Houve homenagens à Feira Literária das Periferias, a Flup, com passinho e slam. A literatura infantil também foi lembrada, com personagens como o Menino maluquinho, de Ziraldo, os saltimbancos, de Chico Buarque, Emília e Visconde de Sabugosa, do Sítio do Pica-pau amarelo, de Monteiro Lobato, e da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, participando de um esquete. Tudo para lembrar que o livro pode ter várias formas e conteúdos.

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