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Summit organizada por SNEL, ABDR e Saber discute impactos da Inteligência Artificial no mercado editorial

Evento, que aconteceu em São Paulo com transmissão on-line, teve abertura do presidente do SNEL, Dante Cid, além de participação de outros membros da diretoria.

Qual vai ser o impacto da Inteligência Artificial no mundo dos livros, para escritores, editores e livreiros? Essa foi a primeira e principal pergunta a se responder no primeiro Summit IA no Mercado Editorial, que aconteceu nesta segunda-feira, 15 de abril. Promovido pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), junto à Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) e à Saber Educação, o evento teve abertura do presidente do SNEL, Dante Cid.

Dante Cid, em fala durante o Summit IA

“Quando perguntado se a IA é boa ou ruim, sempre respondo que ela é como qualquer ferramenta inventada pelo homem, como um martelo: pode ser usada para o bem ou para o mal. Nosso papel é garantir que o uso da IA seja positivo e feito de forma ética em todas as etapas”, contou Cid, que reforçou bastante a dupla relação que as ferramentas de Inteligência Artificial podem assumir. Se de um lado, há o papel de automatizar certos processos internos, por outro, o risco jurídico aumenta, principalmente na área de direitos autorais.

Exatamente por isso foram esses os focos das duas mesas que compuseram o Summit, que ainda contou com Marcelo Gomes, especialista em IA no Google numa palestra inicial. Na primeira mesa de debates, que teve mediação de Amarylis Manole, CEO da Manole e diretora tanto do SNEL como da ABDR, a discussão pairou sobre quais são os usos atuais das IA, com cases de editoras, lições aprendidas e reflexões de suas aplicações.

Daniela Alves, da Saber Educação, Igor Alves, do grupo +a, e Leonardo Maschio, do FTD Educação, falaram sobre diminuição de custos e aumento da produtividade, tanto em sinopses quanto em criação de imagens. Eles lembraram também do auxílio dessas novas tecnologias no processo de internacionalização do setor, com sua utilização para auxiliar em traduções, por exemplo. Em todos os casos, porém, os palestrantes reforçaram que as ferramentas de IA não substituem a mão de obra humana, que precisa coordenar todo o processo.

Na segunda mesa, com moderação do diretor jurídico da ABDR, Dalton Morato, e que contou novamente com o presidente do SNEL, Dante Cid, além de Antônio Carlos Morato, professor de Direito da USP, Mariana Fonseca, especialista em direito autoral da Somos Educação, e Luciano Monteiro, diretor global de comunicação e sustentabilidade da Santillana, a intenção era alertar para os cuidados a se tomar nesse admirável mundo novo, seja em copyright, remuneração, direitos autorais e até na sustentabilidade do negócio editorial.

“Recentemente foram feitos os primeiros contratos entre [a ferramenta] OpenAI e produtores de conteúdo”, lembrou Dalton Morato, dizendo que esse é o início de um caminho que precisa ser aprofundado para que a indústria do livro se mantenha forte. Grandes jornais e editoras do mundo inteiro estão sendo remunerados por empresas de tecnologia que se utilizam dos seus dados, num processo ainda inicial. Essa compensação para criadores de conteúdo, adicionou Morato, precisa ser levada em questão pelas plataformas que usam de IA. O presidente do SNEL, Dante Cid, fez questão de sublinhar que, para evitar plágios e a burla do direito de autor, em publicações científicas, a revisão de pares continua sendo um pilar fundamental.

O Brasil deu sorte porque vai poder criar leis a partir da nova realidade das Inteligências Artificiais. Há, nesse momento, projetos de lei em discussão no Congresso Nacional sobre o tema. “É o assunto do momento nas últimas feiras, tanto nas mesas principais como nos corredores dos satélites”, contou Dante Cid, lembrando que o evento ocorre logo após as feiras de Londres e Bolonha, onde tal pauta foi extensamente debatida.

Para encerrar, Flávia Bravin, head da Saber Educação e membro da diretoria do SNEL, Abrelivros e IFRRO (International Federation of Reproduction Rights Organisations, Federação Internacional de Organizações de Direitos de Reprodução), reforçou a preocupação nos dois fundamentos da IA. “Se no primeiro painel, a intenção pareceu mostrar como podemos nos desafiar e nos testar nesse novo mundo que se abre, no segundo, precisamos pensar nas consequências dessas tecnologias para que o mercado continue a existir.”

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