Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2020 aponta ainda crescimento relevante na participação das livrarias virtuais
Em um ano marcado pela pandemia do coronavírus, o mercado editorial sofreu o impacto do fechamento temporário de lojas físicas no país, faturando um total R$ 5,2 bilhões em 2020, o que significa um decréscimo de 8,8% em comparação a 2019. Este é um dos recortes da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2020, realizada pela Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
O período pandêmico ainda exerceu influência sobre outros indicadores, que refletem tanto aspectos comportamentais do público leitor quanto estratégias comerciais desenvolvidas pelas empresas para contornar a crise.
Um exemplo é o desempenho das editoras de Obras Gerais, o único subsetor que registrou aumento nominal no faturamento com vendas ao mercado, fechando 2020 com R$ 1,3 bilhão, 3,8% a mais do que no ano passado, em termos nominais. Na visão de Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL, esse dado demonstra a resiliência do hábito da leitura: “em tempos de isolamento social, o livro se fortaleceu ainda mais como uma opção de entretenimento”, afirma. Vitor Tavares, presidente da CBL, complementa a análise: “foi a maneira que muitos brasileiros encontraram para enfrentar esse período difícil e explorar o mundo por meio da literatura”.
Outro ponto é o crescimento expressivo das livrarias exclusivamente virtuais, que tiveram um crescimento de 84% na participação no faturamento das editoras, sendo responsáveis por movimentar R$ 923,4 milhões em 2020. “Esse retrato mostra a rapidez com a qual o varejo buscou se adaptar em meio ao cenário da pandemia, procurando continuar garantindo a distribuição dos livros aos leitores”, observa o presidente do SNEL. Já as livrarias físicas tiveram sua participação reduzida em 32%, no comparativo com 2019. “Apesar de ter sido um ano muito difícil para as livrarias físicas, com a retomada acreditamos nessa recuperação, pois elas são fundamentais para descoberta de novos títulos pelo leitor e para o bom desempenho do mercado como um todo”, destaca o presidente da CBL.
Entre os subsetores , o de Religiosos foi o mais afetado em termos de faturamento nas vendas ao mercado, apresentando uma queda de 14,2%. Já o faturamento do subsetor de Didáticos caiu 10,9%, enquanto o de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) diminuiu 6,7%.
Em 2020, o governo agregou R$1,4 milhão ao faturamento do setor editorial, contra 1,6 bilhão em 2019. A baixa de 15% registrada nas vendas ao governo (em razão da sazonalidade das compras do PNLD Literário) foi responsável pela metade da redução do faturamento do setor editorial como um todo.
A pesquisa indica ainda que as editoras brasileiras produziram 46 mil títulos no ano passado – desse total, 24% são lançamentos (novos ISBNs), enquanto 76% são reimpressões. Dessa forma, o número de lançamentos em 2020 (11.295) encolheu 17,4% no comparativo com 2019.
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Gabriela Leal – Comunicação SNEL
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Lis Ribeiro – Comunicação CBL
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1Didáticos; Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP); Obras Gerais e Religiosos. Os subsetores dizem respeito às editoras e não ao tipo de livro comercializado, ou seja, se referem à categoria que corresponde à maior parte do faturamento autodeclarado pela editora.