A Bienal Internacional do Livro Rio é, há 38 anos, um espaço para a promoção da leitura, cultura e discussão sobre os mais diversos temas que permeiam a sociedade. Por isso, é reconhecida como o maior evento literário do Brasil. Este ano, se tornou também um símbolo da resistência da livre expressão artística e literária. E, acima de tudo, do direito de cada cidadão escolher o que deseja ler. “O que a nossa população precisa é de educação para fazer suas próprias escolhas. Essa é a bandeira da Bienal”, afirma Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da comissão do festival.
Durante dez dias, mais de 300 autores nacionais e internacionais e dezenas de artistas, acadêmicos, filósofos, cientistas, lideranças religiosas, movimentos sociais, ativistas e youtubers, dedicaram horas de suas vidas para estar junto aos 600 mil visitantes do festival, discutindo temas contemporâneos – dos mais corriqueiros aos mais densos e polêmicos.
“A Bienal é e continuará sendo plural. O maior evento de conteúdo do país não termina neste domingo (8/9). Ele seguirá com cada um que visitou ou trabalhou nesta edição histórica”, destaca Tatiana Zaccaro, diretora da Bienal. “Esta Bienal também seguirá com aqueles que não puderam estar aqui, mas acompanharam nossos conteúdos e nosso posicionamento pela imprensa do mundo todo, pelas redes sociais ou em conversas com amigos. A partir de agora, quando você levar um livro para casa, estará levando a Bienal também”.
Mais de 4 milhões de livros foram vendidos – dos 5,5 milhões de exemplares disponíveis durante o evento. Em entrevista coletiva na tarde deste domingo (8/9), o presidente do SNEL agradeceu as “demonstrações inequívocas” do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, do ministro Gilmar Mendes e da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em prol da democracia brasileira e aos autores que, segundo ele, foram fundamentais neste exercício de cidadania. “Fico feliz em terminar esse festival consagrando o valor que a Bienal tem e com a certeza de que o livro vai prosperar. Acreditamos muito no poder de transformação do livro e, por isso, tivemos convicção do que fazer e de que atitude tomar nesses últimos dias”, disse Marcos. “A Bienal Internacional do Livro Rio nunca foi tão nacional”. Durante a coletiva, a escritora Thalita Rebouças leu um manifesto – assinado por autores, editores e organização – em defesa da liberdade de expressão e da democracia.
“Nos últimos dias, a Bienal se tornou um abrigo democrático, onde nos entrincheiramos para lutar – ao lado de 600 mil pessoas que prestigiaram o evento – contra as insistentes tentativas de censura. Se engana quem pensa que o alvo era a Bienal. O alvo somos todos nós cidadãos brasileiros. Eles querem determinar o que podemos ler, pensar, escrever, falar e como devemos nos relacionar. O brasileiro não precisa de tutor. Precisa de educação para que cada um possa fazer suas escolhas com consciência e liberdade”, dizia o texto (leia o manifesto na íntegra, ao fim deste release).
Representando os editores, Mariana Zahar, que também é vice-presidente do SNEL, disse que espera que se crie uma jurisprudência para esse tipo de censura não volte a acontecer.
“Isso não foi uma ameaça à Bienal, mas à Constituição. Não haverá ameaças à Bienal se nós nos juntarmos e lutarmos pelos nossos direitos”, afirmou.
Destaques desta edição
Diretora-geral da Bienal do Livro Rio, Tatiana Zaccaro afirmou que a média de venda ultrapassou os números da última edição, em 2017, em alguns casos ultrapassando os 100% em algumas editoras. “Credito isso ao efeito Bienal, ao ambiente de cultura, de discussões de qualidade e do conteúdo que entregamos ao público”, destacou Tatiana. “As curadorias dos espaços foram incessantes propondo os melhores temas, buscando os melhores autores e personagens. O espaço infantil foi um sucesso, o Café Literário teve todas as sessões praticamente lotadas e a Arena #SEMFILTRO causou um alvoroço, consolidando a Bienal como o maior programa cultural e o mais diverso do país”.
Com o propósito de incentivar a leitura para mudar o Brasil, a Bienal do Livro reuniu os maiores nomes da literatura nacional e internacional, atores, músicos, youtubers, especialistas em educação, jornalistas e muitos outros. Ao lado de autores consagrados – como Luís Fernando Veríssimo, Laurentino Gomes e Thalita Rebouças – estavam escritores como Otávio Júnior, conhecido como”Livreiro do Alemão”;, que trabalha para disseminar o gosto pela leitura em comunidades do Rio, e um menino de 5 anos que escreveu seu primeiro livro com a ajuda da mãe.
Este ano, os convidados discutiram temas como felicidade, democracia e autoritarismo, meio ambiente, fé, empoderamento, fake News, escravidão, ciências e diversidade. Pela primeira vez, as sessões da programação oficial tiveram tradução em libras e deficientes visuais também puderam explorar a Bienal a partir de visitas guiadas. O conhecimento produzido durante estes dez dias estará preservado: as centenas de horas de debate foram gravadas e estarão disponíveis para a população no canal da Bienal no YouTube ou no site www.bienaldolivro.com.
**Manifesto assinado pelos autores**
A Bienal Internacional do Livro Rio é a oportunidade que temos, a cada dois anos, para nos reunir, encontrar nossos públicos, nos inspirar e debater livremente sobre todo e qualquer tema, sem restrições e com empatia. Um evento de conteúdo qualificado e diverso, reconhecido nacional e internacionalmente como o maior festival cultural do Brasil.
Nos últimos dias, a Bienal se tornou um abrigo democrático, ao lado de 600 mil pessoas que prestigiaram o evento, contra as insistentes tentativas de censura. Se engana quem pensa que o alvo era a Bienal Internacional do Livro. O alvo somos todos nós cidadãos brasileiros, pois não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar. O brasileiro não precisa de tutor. Precisa de educação para que cada um possa fazer suas escolhas com consciência e liberdade.
Foi com alívio e muito orgulho que recebemos as duas decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo (8/9) impedindo que a Bienal Internacional do Livro continuasse sofrendo assédio à literatura e aos seus leitores. Do contrário, se criaria uma jurisprudência que colocaria todos os eventos culturais, autores, editoras e livrarias do Brasil à mercê do entendimento do que é próprio ou impróprio a partir da ótica de cada um dos 5.470 prefeitos do país.
Encerramos essa edição histórica da Bienal Internacional do Livro Rio com o coração cheio de orgulho e determinação. A Bienal não acaba hoje. Ela seguirá com cada um de nós todos os dias. O festival foi memorável. Deu voz e ouvidos a todos os públicos. Reuniu e celebrou a cultura junto com autores, artistas, pensadores, lideranças de movimentos sociais, pastor evangélico, monge zen-budista, jornalistas, acadêmicos, ativistas, chef de cozinha e muitos outros.
Viva a Bienal do Livro Rio! Viva a cultura! Viva a liberdade e a democracia!!
Fotos: Divulgação Bienal