A indústria criativa contribui com 5.6% para a economia do Reino Unido. E o setor editorial é a segunda maior delas. Isso representa um volume de negócios da ordem de 5 bilhões de libras (cerca de 10 bilhões de dólares). Desse total, cerca de 180 milhões de libras ou 360 milhões de dólares, dizem respeito aos produtos digitais.
Esses foram alguns dos dados apresentados durante o Seminário Brasil-Reino Unido, que reuniu editores brasileiros e ingleses, durante a XV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.
Atualmente, existem 3.500 editoras em plena atividade no Reino Unido, segundo informou Emma House (The Publishers Association), uma das 12 integrantes da comitiva inglesa.
“Nosso mercado é estimado em 70 milhões de pessoas, mas a exportação representa 40% das nossas vendas”, afirmou Emma, responsável pela apresentação dos dados ingleses durante o evento, acrescentando que, no ano passado, foram publicados 133 mil novos títulos no Reino Unido.
Segundo ela, o digital “está se tornando um sucesso” , o que faz com que os editores tenham que ficar atentos tanto para novos desafios quanto oportunidades de negócios.
“O fim das fronteiras físicas do setor editorial afetam todo o mercado”, afirmou.
O evento foi aberto pela presidente do Sindicato dos Editores de Livros, Sônia Machado Jardim, que fez um panorama do mercado brasileiro, a partir dos dados da última pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro realizada pela FIPE/USP.
O mercado, do ponto de vista das livrarias; o programa de bolsa de tradução da Fundação Biblioteca Nacional e questões relacionadas com a atual Lei do Direito Autoral brasileiro também foram temas de exposições, feitas, respectivamente, por Roberto Guedes (Livraria da Travessa), Moema Salgado e Gustavo Martins.
“O Reino Unido está mais avançado no livro digital, assim, encontros como esse são importantes pela troca de experiências e também para expor o potencial do mercado brasileiro”, observou Sônia Jardim.
Do painel traçado por Emma, o diretor do Snel, Claudio Rothmuller (Elsevier) destacou o fato de, no ano passado, terem sido vendidos 144 milhões de e-books no Reino Unido, sendo, 45% deles para serem lidos no computador:
“No meio digital, o papel das editoras muda e questões de branding se tornam importantes. A revolução digital representa uma mudança total nos modelos de negócios. Equivale a ter que viver sob a hiperinflação. E sobreviver à hiperinflação a gente sabe”, brincou.
Em relação à questão dos direitos autorais, o advogado Gustavo Martins observou que o livro digital vai “mudar o eixo de discussão” que vem sendo travada no Brasil. Segundo ele, a lei atual contempla assuntos relacionados com o suporte físico do livro, mas que o eletrônico “trará novos desafios”.
Para Emma, a lei brasileira não é muito positiva porque restringe o direito dos editores e amplia os direitos do público.
Cerca de 40 pessoas participaram, ao todo, do encontro. Da comitiva inglesa também fizeram parte: Emma Hayley (SelfMadeHero), Simon Littlewood (Random House), Cecilia Fanucci e David Salariya (The Salariya Book Company), James Papworth (Palgrave Macmillan), Georgina Green (HapperCollins), Andy Hine (Little, Brown), Emma Bourne (Oxford University Press), Claire Anker (The Publishers Association), Amy webster (The London Book Fair) e Odile Louis-Sidney (Templar Publishing).
“Encontros desse tipo cumprem o papel da Bienal do Livro, não apenas em ser uma grande atração para o público em geral, mas também para contribuir com o aprimoramento profissional do mercado editorial”, afirmou Sônia Jardim.