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Diretora do SNEL fala sobre pesquisa de diversidade na Bienal de São Paulo

Em conversa com os escritores Alê Santos e Maira Reis, mediada por Sara Bentes, Flávia Bravin lembrou da importância do lançamento do estudo, mas também dos desafios que se colocam agora

Flávia Bravin defendeu a colocação de metas para enfrentar os desafios da diversidade

A diretora do SNEL Flávia Bravin participou neste domingo (8) de uma conversa sobre diversidade na Bienal do Livro de São Paulo. No evento, ela abordou a pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I), lançado em junho deste ano (2024) pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros. 

“Fizemos a primeira pesquisa do mercado sobre diversidade”, contou, lembrando da importância do estudo, como marco inaugural, mas sabendo que há um longo a se percorrer ainda. “O estudo demonstra que o mercado está evoluindo, mas ainda não é suficiente. Para mudar é preciso de força, é preciso comprar as brigas, ter pressão de negócio, estamos mudando, mas não na velocidade que precisamos”. 

O resultado da pesquisa DE&I mostra que as mulheres estão em cargos de liderança (líderes de grupos e times, gerentes e até diretoras) em 87% das editoras que responderam ao questionário. Em 58%, uma pessoa LGBTQIA+ ocupa um cargo de liderança, o mesmo percentual de pessoas negras. Além disso, em 11% dessas organizações, pessoas indígenas ocupam cargos de liderança. Também em 11%, há lideranças PCD. 

Na mesma mesa também participaram os escritores Alê Santos e Maira Reis, que abordaram outros ângulos da questão da diversidade, como a racial e a sexual. “Quantos autores negros de ficção científica estão nas grandes editoras?”, provocou Santos, lembrando que, embora seja um autor de ficção especulativa, ele raramente é chamado para falar sobre o tema, ficando nichado como apenas um escritor negro.  

Ele reforçou ainda que a questão da diversidade precisa de constante atenção. Há inúmeros grupos que continuam sendo invisibilizados. Morando atualmente em Belém, Santos, que é originalmente do interior de São Paulo, sublinhou também a ausência de escritores de fora do eixo Rio-São Paulo. A mediadora Sara Bentes também lembrou a questão da deficiência, que, segundo ela, seria também outro tema que é sempre menosprezado. 

Criadora do camaleao.co, startup de diversidade LGBTQIAP+, Maira Reis lembrou que é preciso sair da bolha em que os públicos que fogem do padrão majoritário são colocados, mas não para entrar no mercado como ele é feito hoje em dia. Seria importante manter uma essência da diferença e que essa postura fosse valorizada por todos.  

“Como a Flávia falou, precisamos em primeiro lugar falar sobre uma visão estratégia de negócio”, opinou. “O mercado é fomentado pela própria comunidade LGBTQIAP+, mas não ganha escala. Não entra no sistema Jabuti, por exemplo. Já está lá, com certeza, mas não é uma presença constante.” 

Se ao menos há uma tentativa de mostrar a diversidade nos catálogos das editoras, na parte administrativa das casas editoriais, o problema seria mais complicado. “Quando se fala sobre a diversidade no mercado editorial, podemos usar aquele ditado: ‘casa de ferreiro, espeto de pau’”, sugere Flávia Bravin, lembrando que as pautas que mais se dedica são de gênero e de deficiência. “O mercado não está pronto ainda, mas não se movimenta. Para a escrita ser plural, é muito importante ser a partir de dentro. Minha motivação tem que vir de dentro, de dentro da alma.” 

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