
Em 2025 o Rio de Janeiro se tornará a 25ª cidade do mundo e a primeira de língua portuguesa a receber o prestigiado título de Capital Mundial do Livro, um marco que não apenas celebra sua tradição literária, mas também consagra sua importância na cena cultural global. Depois de ser palco de eventos esportivos internacionais, com os Jogos Olímpicos, de receber chefes-de-Estado das principais potências mundiais, com o G20, agora chegou a vez da cultura.
Desde sempre, o Rio tem tido esse papel, que agora é reconhecido pela UNESCO e pelo Comitê Consultivo da Capital Mundial do Livro. A cidade foi a casa de autores que formam o cânone da literatura brasileira, como Machado de Assis, Raul Pompéia e Lima Barreto, para citar apenas três gigantes do fim do século XIX e início do século XX. Se adentrarmos o século XX, a seleção de autores que, se não nasceram aqui, adotaram a cidade como sua casa, parece ser um reflexo de toda a literatura do Brasil. É o caso do pernambucano Nelson Rodrigues e da ucraniana-pernambucana Clarice Lispector, dos mineiros Carlos Drummond de Andrade e Rubem Fonseca, do capixaba Rubem Braga, do alagoano Graciliano Ramos e dos carioquíssimos Vinicius de Moraes e Cecília Meireles. A lista, evidentemente, não é extensiva, mas afetiva.
O Rio também foi o berço de movimentos como o realismo e o naturalismo. Criou, no século XX, um tipo de literatura policial com tintas tropicais. Deu voz para vanguardas, e é a cidade natal do mago pop Paulo Coelho. Além disso, a literatura periférica é o pulso da cidade, um sopro de resistência que ecoa dos becos e vielas do Rio de Janeiro, costurando histórias que antes eram silenciadas. Nos versos incendiários do Slam Laje, a palavra ganha vida, dança no ar e se firma como arma e abrigo. Na Flup, os sonhos se transformam em páginas, e as vozes das favelas encontram espaço para florescer, desafiando muros e estereótipos. Cada poema, cada conto, cada rima é um grito que rompe o asfalto quente, revelando que a literatura também mora na periferia – e dela nasce o verbo que transforma.
Com seus mais de 40 anos de experiência e sucesso, a Bienal do Livro Rio foi um dos principais argumentos dessa conquista
Se não bastasse isso tudo, é ainda a sede de instituições de relevância nacional, como a Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada por nomes como Machado de Assis, Olavo Bilac, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa; da Biblioteca Nacional, uma das dez maiores do mundo e a maior da América Latina; e do Real Gabinete Português de Leitura, de beleza arquitetônica inconteste; além do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), que desde a década de 1940 batalha por construir uma nação leitora.
Com seus mais de 40 anos de experiência e sucesso, a Bienal do Livro Rio foi um dos principais argumentos dessa conquista e será, assim, um dos pontos altos das comemorações da Capital Mundial do Livro. Nascida como uma feira realizada dentro do Copacabana Palace em 1983, e tocada hoje em dia pela GL Events como parceira do SNEL, a Bienal hoje é um evento monumental, onde leitores se encontram com autores nos corredores e nos palcos, as ideias são debatidas pelas esquinas e em salões, e onde a literatura parece sair das páginas dos livros e se tornar uma realidade palpável.
Na Bienal, o público respira livros
Em 2025, a Bienal do Livro do Rio de Janeiro será ainda mais grandiosa, expandindo seu território para 120 mil m² de celebração literária, incluindo novos espaços culturais e interativos que prometem transformar a experiência dos visitantes. Mais do que uma festa literária, a Bienal de 2025 será um reflexo do poder multiplicador da literatura, ao mesmo tempo que conecta culturas e promove o desenvolvimento social através da leitura. Em um país onde desafios educacionais persistem, esta Bienal representa um compromisso com a democratização do acesso à leitura e ao conhecimento. É a literatura sinestésica, afetando vários sentidos simultaneamente, para além dos pavilhões do gigantesco evento, e seduzindo todos os leitores. Não é à toa que os números de vendas nas Bienais são sempre muito superiores à média nacional. Porque, na Bienal, o público respira livros.
Ao se tornar a Capital Mundial do Livro, marco que será capitaneado pela Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio Janeiro, a cidade reafirma seu compromisso com o futuro da literatura, destacando-se como anfitrião e protagonista na cena literária global. Esta conquista não é apenas uma honra, mas um lembrete da importância vital dos livros na construção de um mundo mais inclusivo e culturalmente vibrante.