
(Por Monica Ramalho* – Especial para o SNEL)
A ideia de candidatar o Rio de Janeiro ao título de Capital Mundial do Livro nasceu na imaginação do presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid. Esse foi o mote do “Próximo capítulo: Rio, Capital Mundial do Livro”, penúltimo painel do Rio International Publishers Summit, evento pré-Bienal do Livro Rio, organizado pelo SNEL, no Hotel Lagune, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que aconteceu nos dias 11 e 12 de junho de 2025.
Dante se juntou à Maria Isabel Werneck, secretária Executiva do Rio Capital Mundial do Livro, e a Renan Ferreirinha, secretário Municipal de Educação do Rio, para conversar sobre o feito coletivo, com mediação da editora e livreira Martha Ribas, consultora do SNEL e uma das curadoras da programação deste Summit, ao lado de Flávia Bravin e Luiz Alvaro.
“Isabel falou que o trabalho dela na comissão começou antes do início e isso é muito bom porque eu quero que tudo termine, mas não acabe. Não é que seja, mas a gente quer tornar o Rio um campeão de leitura. É justamente o campo de oportunidades que a gente tem para mudar esse quadro. Apostamos nisso, afinados com o mote do SNEL – Por uma nação leitora. Queremos demonstrar a beleza e o valor que é a paixão pela leitura”, contou Dante.
Profissional dedicada à Secretaria Municipal de Cultura (SMC) há muitos anos, e uma das pessoas-chave de megaeventos da Prefeitura do Rio, como as Olimpíadas de 2016, Isabel Werneck falou que seis linhas de expressões culturais foram criadas esse ano no Edital do Imposto Sobre Serviço (ISS). “A linha quatro, toda dedicada à leitura, recebeu a inscrição de 165 projetos. O resultado sai em dezembro e esse número é bem expressivo para uma primeira iniciativa, que já faz parte do legado do Rio Capital Mundial do Livro”, quantificou Werneck.
Já Ferreirinha comanda a rede municipal de ensino do Rio, com 1557 escolas, 650 mil alunos e 55 mil profissionais da educação. E um projeto da Bienal do Livro Rio passa justamente por essas salas de aula, a Bienal nas Escolas, que expandiu e agora também inclui a rede estadual de ensino.
“Ao longo do ano todo, a gente doa livros e leva uma experiência leitora para dentro das escolas públicas”, orgulhou-se Ribas, antes de chamar ao tablado os 16 alunos capacitados como editores pela segunda turma da Academia Editorial Júnior, que está em sua segunda edição.
Audiolivros
Você escutaria a biografia da Viola Davis na voz da Zezé Motta? Ou gostaria mais de ouvir a saga do Harry Potter, narrada por 132 vozes distintas? Então, você tem talento para ser um leitor de audiolivro! Apesar de ainda estar acima das possibilidades orçamentárias da maioria das editoras pequenas e médias do Brasil, o audiolivro vem disparando em vendas e conquistando os fones norte-americanos (o aumento foi de 30% só no ano passado) e japoneses.
Quando entramos no Japão, a palavra audiobook nem existia. O mercado de audiolivros cresceu muito rápido por lá, permanece em ascensão e é um belo exemplo para o Brasil, que ainda está aprendendo a andar neste segmento. O formato em áudio é um dos que crescem mais rapidamente no mundo inteiro, afirmou o editor carioca Paulo Lemgruber, Head da Audible, uma empresa da Amazon, há dez anos em atividade.
Radicado em Nova York, Lemgruber trouxe a sua expertise de vida inteira a um dos painéis mais esperados da programação principal do Rio International Publishers Summit: “Livros para ouvir: novos capítulos na narrativa em áudio pelo mundo”, composto por ele mais Chantal Restivo-Alessi, diretora digital e CEO de Línguas Estrangeiras Internacionais da HarperCollins, e Amanda D’Acierno, presidente e editora da Penguin Random House Audio Publishing.
Focar na qualidade do conteúdo é essencial para quem quer produzir audiolivros. É isso que pensa Chantal, um dos nomes mais influentes do mercado editorial internacional. Ela entende que investir pode ser uma tarefa hercúlea para as editoras independentes, mas sugere que busquem parcerias para viabilizar a criação de um amplo e atraente catálogo de audiolivros.
“Acredito fortemente nas escolhas feitas pelo consumidor. Eles estão atraídos pelo formato de áudio no telefone. Afinal, escutar áudio é melhor do que ler no celular. Consumidores diferentes querem a versão impressa e a de áudio dos livros. E há narradores incríveis fazendo um trabalho excepcional. Aliás, todo o trabalho envolvido nesse formato é muito especial. E isso reflete um crescimento de vendas. Não estar no áudio não é mais uma opção”, sentenciou Chantal.
Todos acreditam que o áudio já faz parte da vida cotidiana das pessoas. “Pensem em bons livros e produzam um produto extraordinário e vocês vão atrair consumidores”, aposta a executiva da Penguin. Os três admitem que podem fazer uso da Inteligência Artificial, desde que sejam transparentes com os consumidores, e com o objetivo de disponibilizar audiolivros em mais idiomas, mas que tudo sempre vai começar e terminar sendo desenvolvida por mãos humanas.
O painel seguinte, “Ler não é luxo: construindo uma cultura de leitores”, reuniu a gestora de projetos da Organização de Estados Iberoamericanos (OEI), Mariana Soares, o Secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba, e o editor e escritor José Castilho, sócio da JCastilho Consultoria.
* Jornalista, fotógrafa e criadora do podcast Um Oceano Delas, sobre literatura feita por mulheres.