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Presidente do SNEL discute sustentabilidade na Bienal do Livro Rio 2025

"Cada editora precisa pensar na sua própria responsabilidade como agente social", opinou Dante Cid

Matinas Suzuki Jr., Giordano Bruno Automare, Dante Cid e a mediadora Dayhara Martins (Foto: André Bittencourt)

O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid, participou na tarde desta terça-feira (17) de um debate sobre consumo consciente e sustentabilidade, “no sentido mais amplo do termo”, como ele frisou em suas participações. O papo aconteceu no Café literário junto com o editor e jornalista Matinas Suzuki Jr. e Giordano Bruno Automare, gerente-executivo de desenvolvimento socioambiental e de inovação em sustentabilidade da Suzano.

“O setor editorial tem uma responsabilidade dupla”, comentou Dante na sua primeira intervenção. “É um trabalho interno como empresa e as práticas de cada editora, suas governanças, e também a postura em relação ao seu público, apostando em um conteúdo que reflita esses tipos de valores. É importante captar esses conteúdos e, ao mesmo tempo, abrir portas para novos conteúdos que reflitam as tendências da sociedade.”

Foto: André Bittencourt

Com a experiência de ter sido um dos principais executivos de grandes casas editoriais como a Companhia das Letras, e tendo recentemente montado sua própria editora, a Casa Matinas, Suzuki apontou alguns problemas que o mundo do livro enfrenta, como o desperdício de papel e o shrink, o plástico que envolve os livros do Brasil.

“Nós editores temos que nos organizar para acabar com o shrink: aquilo é petróleo puro!”, se exaltou, lembrando que foi uma forma de um varejista online que já não existe mais escolheu de proteger os livros, e que foi adotado por todo o mercado, embora não seja uma prática em outros lugares do mundo. “Temos que fazer um pacto, editores e o varejo. Há alternativas, mas nenhuma editora consegue fazer essa mudança sozinha”.

O presidente do SNEL gostou da ideia e até cogitou criar uma espécie de prêmio de inovação para contemplar uma solução prática e economicamente viável para que as editoras substituíssem esse tipo de embalagem.

“Quando falamos de sustentabilidade, geralmente pensamos no papel do livro, no sentido físico, mas é importante também focar no processo interno de cada empresa”, lembrou Dante Cid. “Cada editora precisa pensar na sua própria responsabilidade como agente social. Por exemplo, a empresa não pode mais escolher fornecedores guiada apenas pelo preço, ela precisa enxergar outros fatores, como suas práticas de sustentabilidade. Por isso, eu penso sustentabilidade não apenas como um item que contempla o meio ambiente, mas como atitudes que envolvem questões de gênero, diversidade e equidade.”

Sabendo que iria incomodar seus amigos do mundo editorial, Matinas Suzuki sugeriu que a melhor maneira de o setor praticar a inclusão seria a diminuição dos preços dos livros. “Se a gente não encara esse problema, podemos produzir um mercado elitista”, comentou, depois de dizer que sempre sugere para os amigos que não fazem parte do mercado editorial visitarem a Bienal do Livro do Rio para terem esperança no país, tal é a quantidade de crianças andando pelos corredores com livros nas mãos e em sacolas.

Foto: André Bittencourt

Sem fugir à provocação de Suzuki, Dante Cid acrescentou que o SNEL fez, em 2024, sua primeira pesquisa de Diversidade, Equidade e Inclusão. O estudo mostrou que há um bom equilíbrio de gênero no setor editorial, mas, ele lembrou, tal equidade não se reflete no topo da cadeia, com mais homens ocupando os cargos gerenciais das editoras.

“A pesquisa nos deu caminhos para fazer um estudo ainda mais detalhado no futuro”, comentou Dante, lembrando que ações como essa são uma prática constante do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. “O SNEL, como entidade de classe, funciona como catalisador de boas ideias e tem que oferecer as melhores práticas para os seus associados, independente das suas condições financeiras e do seu tamanho, para que alcance os melhores resultados.”

Projetos sociais do SNEL
Como exemplo de projetos sociais, Cid mencionou a Academia Editorial Júnior, criação do SNEL, em que jovens em vulnerabilidade social e / ou econômica começa a aprender os rudimentos do ofício editorial, e o recentemente lançado título de Incentivador do livro e da leitura, que tem como fim homenagear pessoas, empresas e instituições que têm práticas de valorização do ato de ler.

Isso sem se esquecer da própria Bienal, que traz uma quantidade gigantesca de alunos de escolas públicas e distribui vouchers para que eles e seus professores possam comprar livros. Ou a proposta da Bienal nas escolas, que vai fazer eventos nas escolas públicas até o fim do ano. No âmbito estatal, ele lembrou que uma das promessas da prefeitura do Rio no projeto de Rio Capital Mundial do Livro foi reequipar as bibliotecas municipais. Como se vê, há muito feito, mas há muito ainda a se fazer.

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