
(Escrito por Mariana dos Santos / AEJ)
Nesta terça-feira (24), penúltimo dia de aulas da segunda edição da Academia Editorial Júnior (AEJ), projeto social do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), os alunos tiveram duas palestras especiais: uma sobre inovação e mapeamento de tendências editoriais e outra sobre diversidade no mercado editorial.
O primeiro encontro contou com Rafaella Machado, editora-executiva da Galera Record e da Editora Verus, que compartilhou sua experiência no mercado e discutiu os caminhos atuais e futuros do setor editorial. Os acadêmicos da AEJ participaram de uma dinâmica de brainstorming voltada à identificação e análise de tendências emergentes na produção e no consumo de livros. A troca de ideias estimulou uma conversa sobre as tendências presentes nas redes sociais e como podem influenciar o interesse na leitura.
“O nosso estande da Bienal do Livro do Rio [que representava uma casa do subúrbio carioca] nasceu deste exercício. Alguém colocou ‘Brasil core’, ‘acolhimento’, ‘comunidade’ e, a partir disso, montamos o espaço. Fomos percebendo que estamos nos orgulhando mais do nosso país, estamos querendo pertencer. Então entendemos que somos muito brasileiros — uma editora 100% nacional — e isso tem tudo a ver com a nossa marca.” Ao final da dinâmica, as palavras mais mencionadas pelos acadêmicos apontaram para tendências em ascensão no mercado editorial, como “romance brasileiro”, “jovem adulto” e “volta ao passado”. Esses termos indicam não só os interesses do público leitor atual, mas também refletem um desejo crescente por narrativas que dialoguem com a identidade nacional, a nostalgia e as experiências na adolescencia.
Diversidades
Na terça-feira, também houve uma conversa com Lis Castelliano, gerente-executiva do SNEL. Ela apresentou as perspectivas do mercado editorial e compartilhou os resultados da primeira pesquisa de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) no setor, realizada pelo SNEL em parceria com a consultoria Wiabiliza.
“É uma pesquisa pioneira no Brasil, no setor editorial, realizada em 2024, que já aponta a representatividade das mulheres em cargos que vão da gerência à posição de CEO”, Lis Castelliano destaca. A pesquisa teve como objetivo compreender o perfil de diversidade nas editoras e analisar o impacto dessas práticas na saúde organizacional e nos resultados financeiros. Os dados revelam que 87% das editoras possuem mulheres em cargos de liderança, enquanto 58% contam com lideranças LGBTQIA+ e 58% com pessoas negras. A presença de pessoas indígenas e PCDs em posições de liderança aparece em 11% das editoras.
Em termos de distribuição geográfica, 53% das editoras estão localizadas em São Paulo, 27% no Rio de Janeiro e 7% em Minas Gerais. Em relação ao faturamento, 36% têm receita de até R$ 1 milhão, enquanto 13% faturam entre R$ 46 e R$ 149,9 milhões, e 2% ultrapassam R$ 1 bilhão. O número de funcionários varia: 40% das editoras têm até 9 colaboradores, e apenas 2% contam com mais de 400.
O compromisso com a diversidade também aparece nos valores institucionais: 75% das editoras afirmam promover a inclusão e a não discriminação como parte de sua missão. Além disso, quase 98% não impõem restrições quanto a gênero ou idade em suas contratações.
Por fim, os resultados indicam que 87% das editoras acreditam que ações inclusivas melhoram os resultados financeiros e a imagem da marca, além de contribuírem diretamente para um clima organizacional mais saudável.
Com o encerramento da Bienal do Livro Rio 2025, a atividade marcou um dos momentos finais e significativos da segunda edição da Academia Editorial Júnior (AEJ), uma iniciativa do SNEL em parceria com o Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais (NESPE), iniciada em janeiro de 2025. O projeto tem como objetivo inserir jovens universitários no mercado editorial, promovendo formação prática, troca com profissionais da área e reflexões sobre o futuro do livro no Brasil.