No primeiro trimestre do ano, a venda de livros em livrarias registrou um crescimento de 1,65% em faturamento e 3% em volume de exemplares no comparativo com o mesmo período de 2014, ficando, porém, abaixo da inflação. O preço médio praticado caiu 1,30%, com maior impacto nos livros de ficção e universitários.
Esses são alguns dados do setor contidos no Painel das Vendas de Livros do Brasil, apresentados pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros e o Instituto de Pesquisa Nielsen. Tem como base o resultado do BookScan Brasil, que apura as vendas das principais livrarias e supermercados.
“Diante das informações negativas que pautaram o primeiro trimestre da economia brasileira, o fato de que houve algum crescimento foi uma grata surpresa”, afirma o presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira. “Mas a verdade é que houve uma queda real em faturamento de cerca de 5%”.
Em relação ao preço do livro, o coordenador do Bookscan Brasil, Ismael Borges de Sousa, explica que o Painel afere o valor desembolsado pelo consumidor e não o preço praticado pelas editoras.
O Painel também mostra algo que os editores já percebiam: o mercado brasileiro atual está muito concentrado. Afinal, de um total de 150.000 títulos comercializados no período, os 500 mais vendidos correspondem a 25% do total das vendas. Quando aumentada a amostra para os 5 mil mais vendidos, eles representam 2/3 do total.
Outro aspecto que o Painel pretende mostrar é o desconto praticado pelas livrarias aos consumidores, que será um instrumento importante na discussão sobre a Lei do Preço Fixo que tramita no Senado Federal.
O levantamento mostrou que, dentre os gêneros, “infantil, juvenil e educacional” foi o que apresentou o melhor desempenho no período com um crescimento de 6,8% no faturamento. Já os livros técnicos (“não ficção especialista”) registraram o pior desempenho, com uma queda de 12% em faturamento, em relação a 2014.
O objetivo da criação do Painel é dar mais transparência à indústria editorial brasileira, carente de informações do tipo. A iniciativa da parceria entre SNEL e Nielsen vai permitir a disponibilização para o setor de dados atualizados que poderão contribuir nas tomadas de decisões por empresários de todos os portes.
“Nesse momento, a contribuição do SNEL para o desenvolvimento do setor se traduz na democratização de informações precisas, constantes e atualizadas que talvez não fossem acessíveis a todos. Trata-se de um instrumento poderoso de transformação na medida em que essas informações se tornam estratégicas para o empreendedor. O fortalecimento de cada elo da cadeia produtiva do livro só pode beneficiar o setor como um todo”, conclui Marcos da Veiga Pereira.
Ismael Borges ressalta que o levantamento feito para o Painel tende a ser aprimorado conforme o próprio setor venha a aprender com os números que começam a conhecer.
“Aperfeiçoar a informação do Painel a partir das críticas e das demandas é parte do processo”, complementa Marcos da Veiga Pereira.
Metodologia
Há mais de 90 anos no mercado e presente em mais de 100 países, a Nielsen é sinônimo de pesquisa e informação de mercado. Para a realização do Painel, os dados são coletados diretamente do “caixa” das livrarias, e-commerce e varejistas colaboradores. As informações são recebidas eletronicamente em formato de banco de dados. Após o processamento, os dados são enviados online e atualizados semanalmente.
O Bookscan é o primeiro serviço de monitoramento de vendas de livros no mundo, presente em dez países, e o resultado de seu trabalho é um forte instrumento de decisão para as editoras que trabalham com estes dados.
O SNEL divulgará o Painel das Vendas de Livros no Brasil a cada quatro semanas, na segunda-feira posterior ao fechamento do período aferido.
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