Foi há três meses. Numa tarde ensolarada e quente de janeiro no Rio de Janeiro, estivemos submersos no universo dos livros dentro da famosa Livraria Leonardo Da Vinci, no Centro da cidade. Naquele momento, estávamos inaugurando uma história que, hoje, chega à sua metade. A segunda edição da Academia Editorial Júnior celebra três meses, cerca de dez aulas, e muitos conteúdos, aprendizados e visitas técnicas. Um mergulho no mercado editorial.
A Academia Editorial Júnior é o primeiro projeto social do SNEL, realizado em parceria com o Nespe, Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais. Criada em 2023 exclusivamente para estudantes de faculdades públicas e privadas do Rio e cidades vizinhas que possuam algum tipo de vulnerabilidade social e/ou econômica, tem como objetivo a especialização de jovens para o mercado editorial por meio de aulas teóricas e práticas, palestras e visitas técnicas, contando com profissionais da área, como editores, escritores, roteiristas, livreiros, curadores de feiras do livro, agentes literários, especialistas em marketing no setor, designers, ilustradores, tradutores, diagramadores, presidentes e gerentes de editoras, operadores de gráficas etc. É um dos projetos do SNEL que participa das comemorações do Rio como Capital Mundial do Livro — título outorgado pela UNESCO para a cidade e que entrará em vigor a partir do dia 23 de abril deste ano.
“Em geral, todos nós guardamos muitos mitos sobre o mercado editorial, mas quando ouvimos os profissionais explicarem porque as coisas são como são é surpreendente”, explica Leandro Muller, diretor do Nespe, que se diz orgulhoso do projeto até aqui, projetando também seus próximos passos. “Os alunos, que à princípio chegaram tímidos, logo se enturmaram, propuseram sugestões e foram buscar muitas informações por iniciativa própria”, contou. “Já consigo vê-los todos participando da Bienal [do Livro do Rio], ávidos por terem conseguido realizar o desejo de ingressar no mercado editorial e serem nossos futuros colegas no fazer dos livros.”
Nessa metade do caminho, nossos acadêmicos receberam diferentes palestrantes e convidados, que, nas tardes de terças e quintas-feiras, compartilharam suas vivências dentro do mundo do livro. Entre temas relacionados a produção gráfica, tradução, e-books e metadados, os profissionais destacaram o ponto em comum de todo o mercado: o amor pelo livro. Cibele Bustamante, que palestrou sobre e-book e novas tecnologias no meio editorial, ressaltou o engajamento da turma que, para ela, é muito curiosa e participativa: “E é sobre isso que se trata. No mercado editorial, assim como na vida, a gente tem que estar analisando tudo, no mesmo momento em que estamos descobrindo coisas novas”, completa Cibele, que é sócia do Nespe.
Para além do modus operandi convencional de sala de aula, nossos alunos também puderam sentir mais de perto algumas das tantas realidades da produção do livro. Nas visitas à Biblioteca Nacional, ao Grupo Editorial Record e à Trio Gráfica Studio, cada etapa do processo — da preservação da memória ao nascimento físico de uma obra — foi desvendada com olhos atentos e mentes curiosas.
Como um bom livro, a segunda edição da AEJ chega à sua metade com uma história que prende o leitor e o instiga a saber o que o aguarda nos próximos capítulos. No horizonte, já é possível enxergar a Bienal, que se aproxima a passos largos, como um clímax anunciado — é na Bienal que termina o projeto, é na Bienal que os alunos lançam o livro criado e editador por eles, que funciona como um trabalho de conclusão. Assim, seguimos em frente, página por página, encantados com o poder de transformar palavras em mundos. E a próxima página… já está sendo escrita.